INTRODUÇÃO
A Bíblia diz: “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã” (Tg 1:26). Isto é, “Se alguém diz que é cristão e não controla a sua língua ferina, está apenas enganando-se a si mesmo, e a sua religião não vale muita coisa” (Bíblia Viva).
Parafraseando este texto a gente aprende que se alguém na comunidade cristã surgir com o papo de que é espiritual, mas ao mesmo tempo em que fala das coisas espirituais demonstra não ser capaz de controlar (administrar ou domar como se doma um animal feroz) a sua própria língua no que tange a fofoca, espírito de crítica, murmuração, mentira, calúnia, etc., esta pessoa está enganando a si mesma e, sobretudo, a sua religião, ou melhor, a sua espiritualidade deve ser considerada nula, inútil e sem valor.
DIAGNÓSTICO
Porque pecamos tanto com nossa língua? Porque algumas pessoas são extremamente usadas pelo o inimigo com sua língua? Onde está a raiz deste problema?
Jesus, em Mateus 12:33-37, oferece uma base de diagnóstico que nos ajudará a respondermos as perguntas acima: “Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis falar cousas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom cousas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira cousas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (grifo meu).
A BOCA FALA DO QUE ESTÁ CHEIO O CORAÇÃO (Mt 12:34)
Eis um fato inquestionável: o que sai da sua boca anuncia o estado do seu coração; se ele é bom da sua boca sairão palavras boas; se ele é mau sairão palavras más. Pois “o coração é a árvore, e a boca é o fruto da árvore. A árvore (o coração) é conhecida pelo fruto (as palavras). O que sai da sua boca demonstra o que está no seu coração” (Derek Prince).
Não pode ser puro o coração de alguém cuja a língua não é limpa, pois o que está no poço do seu coração é o que subirá para o balde de sua boca.
David Wilkerson, conhecido pregador Norte Americano, entendendo o quanto o mau uso da língua é nocivo para o corpo de Cristo, declarou taxativamente:
“Você conhece alguém na igreja que às vezes chega até você e cochicha: ‘você está sabendo da última?’Tome nota: não importa o quão piedosa esta pessoa possa parecer, não importa a maneira como ela ora ou louva a Deus na igreja, algo de mal existe neste coração – algo errado que ainda não foi tratado pelo Espírito Santo”.
David Wilkerson nos ajuda a chegarmos na base do diagnóstico:
“Se ouço palavras sensuais, voluptuosas saindo da minha boca... se falo alguma fofoca... se conto uma piada suja... se diminuo alguma pessoa... se falo de alguém com maldade ou inveja... se levanto a voz e grito com minha família... se insultos saem dos meus lábios... se digo palavrões... se torrentes de palavras de raiva fluem pela minha boca... então devo me perguntar: ‘O que de sujo e imundo ainda está armazenado em mim, para que eu fale deste jeito?’”.
PORQUE NÃO DEVEMOS FOFOCAR
Fofoca é Pecado
A primeira razão para exterminarmos a fofoca da comunidade cristã é porque fofoca é pecado. A Bíblia diz: “Não andarás como mexeriqueiro entre os teus povos: não te porás contra o sangue do teu próximo: Eu sou o Senhor” (Lv 19:16).
Fofoca é um pecado abominável. A Bíblia nos ensina que o que semeia contendas entre irmãos é abominado por Deus (Pv 6:16-19). Deus detesta fofoca e nunca será conveniente a este grotesco pecado.
Fofoca é um pecado que viola a regra do amor e do perdão. Quando escolhemos viver o amor cristão somos desafiados a vermos as pessoas com os olhos de Deus. Ninguém poderá dizer que ama verdadeiramente o seu próximo a menos que decida ver as pessoas como Deus as ver. Uma pessoa sem amor é aquela que somente ver os defeitos das pessoas, mas uma pessoa cheia do amor de Deus não age assim, pois “o amor não suspeita mal” (1Co 13:5). O amor nunca fica “com o pé atrás”.
O apóstolo Paulo nos dá a receita de uma vida espiritualmente equilibrada:
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia seja retirada de entre vós. Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef 4:29-5:2).
Podemos concluir que o verdadeiro cristão terá cuidado de somente falar aquilo que produz edificação. Por outro lado, Paulo ressalta ainda três importantes facetas do amor cristão: benignidade, misericórdia e perdão.
Ser benigno é ser compreensivo. Ser misericordioso é permitir que as pessoas errem, pois nem todos estão no nível espiritual que estamos. Coração Perdoador é aquele que sempre está disposto a levantar quem caiu e mostrar pacientemente o caminho da restauração. Devemos fazer de tudo para retribuir o perdão com o qual fomos perdoados. Deus deve ser nosso modelo neste sentido, pois por meio do perdão que ministrarmos faremos com que as pessoas conheçam o próprio perdão de Deus.
Perdão com pedra não é um perdão verdadeiro. Perdoar é não apedrejar (Jo 8:7-9).
Fofoca é uma prática literalmente diabólica
A palavra fofoca tem origem na palavra grega “diabolous”, donde extraímos a palavra “diabólico(a)”. Diante disto concluímos que quem pratica o pecado da fofoca está usando seus lábios para os propósitos do diabo. A Bíblia diz: “Nem ainda no teu pensamento amaldiçoes ao rei, nem tão pouco no mais interior da tua recâmara amaldiçoes ao rico: porque as aves dos céus levariam a voz, e o que tem asas daria notícia da palavra” (Ec 10:20). O diabo tem usado muitas de nossas palavras para executar seus projetos.
A maior estratégia do diabo é que sejamos uma comunidade sem a prática do amor e perdão, pois desta forma ele transformar-nos-á num exército que mata os próprios soldados. Paulo nos adverte que a nossa artilharia não deve se concentrar nas pessoas e sim nos demônios (Ef 6:12).
Fofoca é crime
Isto mesmo. Calúnia, difamação e injúria são consideradas crimes contra a honra (Código Penal, Arts. 138, 139 e 140). Para a lei crime é crime, o que muda é a penalidade. Muitos de nós, por sermos cristãos, evitaríamos cometer alguns tipos de crimes. Todavia, temos subestimado a criminalidade da fofoca e o pior é que pensamos que não seremos penalizados. Deus não fará vistas grossas a este crime. Aqui não existe a lei do “colarinho branco”, pois não importa quem pratica a fofoca (pastor ou ovelha, profeta ou profeteiro, espiritual ou carnal, rico ou pobre, quem tem razão ou quem não tem razão, etc), Deus trará a colheita de tudo que foi semeado na carne (Gl 6:7).
Não fofocar é um exercício de cidadania, pois todo verdadeiro cidadão dos céus cumpre com os seus deveres civis para o bem-estar da sociedade na qual está inserida (a igreja).
Não somos juízes
Eu ouvi ainda quando era criança que não é bom se meter na vida alheia. Hoje vejo que isto é um princípio espiritual. A Bíblia nos ensina que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14:12). Deus nos exorta por Sua Palavra à uma responsabilidade individual: “Olhai por vós mesmos, para que não percais o que ganhastes” (2Jo 8). “Examine-se o homem a si mesmo” (1Co 11:28).
Quando deixamos de olhar para as nossas próprias faltas e transgressões e passamos a bisbilhotar a respeito dos erros e pecados dos outros estamos nos assentando sobre um trono de julgamento.
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, mas não percebes a trave que está no teu? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho...” (Mt 7:1-5).
Aqui Jesus está declarando uma verdade espiritual tremenda: estabelecemos padrões e medidas de julgamento para nós mesmos quando julgamos nossos irmãos.
Somente Deus é Juiz absoluto sobre todos os homens. A Bíblia diz: “Há um só legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir; tu, porém, quem és, que julgas ao próximo?” (Tg 4:12). Eu tenho uma palavra para você: deixe Deus ser Deus. Ainda que algumas coisas aconteçam e pareçam não ter explicação, deixe Deus ser Deus. Não tome o lugar dEle, fazendo justiça com suas próprias mãos (ou língua).
O PADRÃO BÍBLICO
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera o como um gentio e publicano” (Mt 18:15-17).
A passagem supracitada mostra como devemos agir quando um irmão errar:
1- Se eu tiver algo contra meu irmão, eu devo procurá-lo reservadamente;
2- Se ele não aceitar o que eu disser, então, devo levar um ou dois irmãos comigo;
3- Se ele não aceitá-los, então, devo levar isto a igreja;
4- O que sair deste padrão é espírito de divisão e fofoca.
AS TRÊS PENEIRAS
Existem três peneiras que devemos usar diariamente quando formos abordados por fofoqueiros:
1- Peneira da Verdade: “Você tem certeza que esse fato é absolutamente verdadeiro?”
2- Peneira da Bondade: “O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?”
3- Peneira da Necessidade: “Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou passá-lo adiante?”
Nota Importante:Se uma conversa passar por estas três peneiras deve ser algo que produzirá edificação para o seu coração.
CONCLUSÃO
Você está desafiado a entrar numa campanha antifofoca. Vamos exterminar o espírito de fofoca do nosso meio. Não seja parte de uma geração que mata profetas. Não permita que sua língua seja ocasião para divisão e contenda no corpo de Cristo. Este é um tempo de unirmos nossas vozes como um som profético que proclama a presença de Deus sobre nossa cidade, família e igreja.
Conto com você nesta campanha.
No Amor de Cristo,
Franklin Martins
Franklin Martins é escritor, palestrante internacional, life-personal-career coach e conselheiro espiritual.
Contato: www.twitter.com/martinsfranklin
Email: dearfranklin@yahoo.com
O fofoqueiro
ResponderExcluirIvone Boechat
O fofoqueiro é um tecelão juramentado in delivery à procura de meias verdades ou mentiras escancaradas que possa sair anunciando por aí pra derrubar alguém. Fofoqueiro que se preze mesmo não gosta de ver nenhuma vítima de pé, fazendo sucesso.
O fofoqueiro é invejoso, mas tem outros antipredicados bem mais inexpressivos no currículo. Para cumprir a meta diária de fofoca, ele é capaz de fazer o sacrifício de parecer bonzinho. E há quem acredite e se dispõe a fazer um pacto de paz, até a decepção dar-lhe uma rasteira.
O fofoqueiro não tem pressa: fofoca hoje, fofoca amanhã, ele sabe que o importante é não perder a oportunidade. Assim sequestra a vítima com as redes da dúvida e a faz refém do disse me disse.
O fofoqueiro tem duas grandes vantagens a seu favor: a vítima não tem defesa porque ele se esconde e rói as cordas pelas costas, na penumbra. O fofoqueiro finge-se simpático, por isso é bem aceito por um bom tempo.
O fofoqueiro se faz de vítima, de ingênuo, vive travestido de coitado e consegue enganar porque é persistente: Água mole em pedra dura...
O fofoqueiro vive de plantão à procura das brechas e ninguém, como ele, sabe aproveitar as oportunidades para desestabilizar a vítima; é mascarado, logo, pode passar despercebido por algum tempo no meio das pessoas corretas.
O fofoqueiro não suporta as palavras união, paz, harmonia. Se pudesse riscaria do dicionário dos outros, porque no dele não existem. Ele não tem luz própria e usa óculos escuros da maldade para se proteger do brilho dos outros...
Toda família tem o fofoqueiro que merece. É nela que ele engorda e tem prestígio; alguns são promovidos a conselheiros; outros recebem o troféu da confiabilidade: conseguem enganar até que a verdade e a justiça cheguem de mãos dadas e acabem com a farra.
“Há alguns cujas palavras são como pontas de espada”...Pv 12:18
Paz pastor. Gostaria de ver mais textos edificantes como esse!!! Glória a Deus
ResponderExcluir